O que você
faria se sua vizinha, com quem você cresceu até seus nove anos e por quem é
apaixonado desde então, aparecesse em sua janela, em uma noite aleatória te
convidando para uma noite de aventuras? E se no dia seguinte ela desaparecesse?
É essa a decisão
que Quentin Jacobsen (ou apenas Q, para os íntimos) tem de tomar quando ele
percebe que Margo Roth Spiegelman não vai voltar para a escola e que a vida dos
dois não será como ele imaginou no final daquela noite memorável.
Nesse livro,
apesar de ser narrado por Quentin, nós temos um vislumbre muito bom de quem é
Margo Roth Spiegelman de verdade. Q
como podemos ver, é um jovem que nunca falta a escola, não se importa em ficar
com tédio e gosta de rotina. Mas quem é Margo por debaixo dessa casca super clichê
de garota bonita, popular, namorada do cara também bonito e popular e com
amigas também bonitas e populares?
O que faz
esse livro ser realmente diferente é que temos uma personagem que consegue ser
o mais clichê quanto é possível e ao mesmo tempo, ser um pouco do que todo
jovem é. Margo tem senso de humor, tenta mudar o mundo com pequenas coisas como
a regra para o uso de letras maiúsculas que, como ela diz, é muito injusta com
as palavras que ficam no meio das frases ou dando a foto do namorado pelado
para que Q possa fazer justiça na
escola.
Mas como
sempre fez, Margo fugiu e deixou um trilha de migalhas de pão para trás; essas
especialmente, foram deixadas para Q,
que com o tempo imerso na vida, até então, secreta de sua vizinha, vai
percebendo que a jovem não era absolutamente nada do que ele e os amigos dela
pensavam que era.
Margo é uma
jovem mal compreendida pelos pais e que usa seu jeito rebelde para tentar
conseguir a atenção e a preocupação que muitos jovens querem e nem todos
conseguem. Os pais Margo, ao invés de darem o amor e atenção que deveriam,
quando ela foge novamente de casa, eles trocam a fechadura para que ela não
possa mais voltar.
Com
personagens muito bem construídos, realmente cativantes e um cenário de fim de
ensino médio, essa história se torna perfeita para muitos jovens com todas as
suas filosofias que nos fazem refletir e querer aderir a esse modo de pensar.
Mas algumas tentativas de fazer com que a história tivesse um aspecto mais
"jovem" foram desnecessárias; como por exemplo o Quentin falando que
ia tirar a cueca para dormir, ou que ele "preparava o equipamento"
por algum tempo antes de conseguir mijar. Esses pontos não passaram
despercebidos mas não chegam a incomodar tanto e no final o livro continua
sendo espetacular.